22 de jun. de 2011

A BORBOLETA E O CAVALINHO



Esta é a história de duas criaturas de Deus que viviam numa floresta distante há muitos anos atrás. Eram elas, um cavalinho e uma borboleta. Na verdade, não tinham praticamente nada em comum, mas em certo momento de suas vidas se aproximaram e criaram um elo.
A borboleta era livre, voava por todos os cantos da floresta enfeitando a paisagem. Já o cavalinho, tinha grandes limitações, não era bicho solto que pudesse viver entregue à natureza.

Nele, certa vez, foi colocado um cabresto por alguém que visitou a floresta e a partir daí sua liberdade foi cerceada. A borboleta, no entanto, embora tivesse a amizade de muitos outros animais e a liberdade de voar por toda a floresta, gostava de fazer companhia ao cavalinho. Agradava-lhe ficar ao seu lado e não era por pena, era por companheirismo, afeição, dedicação e carinho.

Assim, todos os dias, ia visitá-lo e lá chegando levava sempre um coice, depois então um sorriso. Entre um e outro ela optava por esquecer o coice e guardar dentro do seu coração o sorriso.

Sempre o cavalinho insistia com a borboleta que lhe ajudasse a carregar o seu cabresto por causa do seu enorme peso. Ela, muito carinhosamente, tentava de todas as formas ajudá-lo, mas isso nem sempre era possível por ser ela uma criaturinha tão frágil.

Os anos se passaram e numa manhã de verão a borboleta não apareceu para visitar o seu companheiro. Ele nem percebeu, preocupado que ainda estava em se livrar do cabresto. E vieram outras manhãs e mais outras e milhares de outras, até que chegou o inverno e o cavalinho sentiu-se só e, finalmente, percebeu a ausência da borboleta. Resolveu então sair do seu canto e procurar por ela. Caminhou por toda a floresta a observar cada cantinho onde ela poderia ter se escondido e não a encontrou. Cansado, se deitou embaixo de uma árvore. Logo em seguida um elefante se aproximou e lhe perguntou quem era ele e o que fazia por ali.

- Eu sou o cavalinho do cabresto e estou a procura de uma borboleta que sumiu.

- Ah, é você então o famoso cavalinho?

- Famoso, eu?

- É que eu tive uma grande amiga que me disse que também era sua amiga e falava muito bem de você. Mas afinal, qual borboleta que você está procurando?

- É uma borboleta colorida, alegre, que sobrevoa a floresta todos os dias visitando todos os animais amigos.

- Nossa, mas era justamente dela que eu estava falando. Não ficou sabendo?  Ela morreu e já faz muito tempo.

- Morreu? Como foi isso?

- Dizem que ela conhecia, aqui na floresta, um cavalinho, assim como você e todos os dias quando ela ia visitá-lo, ele dava-lhe um coice. Ela sempre voltava com marcas horríveis e todos perguntavam a ela quem havia feito aquilo, mas ela jamais contou a ninguém. Insistíamos muito para saber quem era o autor daquela malvadeza e ela respondia que só ia falar das visitas boas que tinha feito naquela manhã e era aí que ela falava com a maior alegria de você.

Nesse momento o cavalinho já estava derramando muitas lágrimas de tristeza e de arrependimento.

- Não chore meu amigo, sei o quanto você deve estar sofrendo. Ela sempre me disse que você era um grande amigo, mas entenda, foram tantos os coices que ela recebeu desse outro cavalinho, que ela acabou perdendo as asinhas, depois ficou muito doente, triste e sucumbiu e morreu.

- E ela não mandou me chamar nos seus últimos dias?

- Não, todos os animais da floresta quiseram lhe avisar, mas ela disse o seguinte: Não perturbem meu amigo com coisas pequenas, ele tem um grande problema que eu nunca pude ajudá-lo a resolver. Carrega no seu dorso um cabresto, então será cansativo demais pra ele vir até aqui.

Autor desconhecido

"Diante dessa história, vamos refletir no quanto temos sido borboletas: se temos buscado ajudar nossos irmãos, se temos nos dedicado ao próximo, se estamos sendo companheiros dos que não nos tratam como achamos que merecemos, se estamos sendo positivos em relação às nossas dores, se temos suportado as atitudes dos outros conosco, se somos resignados sem perder a fé em Deus, se estamos sendo compreensivos com os seres que são diferentes da gente e, principalmente, o quanto temos praticado amor. E vamos refletir também na condição do cavalinho:  se temos sido orgulhosos e egoistas com nossos problemas, se temos nos fechado para o amor do outro, se fechamos nossos olhos para a vida por causa dos pesos que carregamos, se estamos a todo momento pensando e agindo negativamente, se estamos parado no tempo com nossos cabrestos, se deixamos ser aprisionados por algo ou alguém, se não nos damos a possibilidade de sentir e perceber o carinho e a dedicação de outro ser com nossas dores, se o olhar para si não está sendo exagerado e, principalmente, se não está na hora de evoluirmos por amor, antes que a dor nos acometa. Vivemos para amar! Vivemos para sentir este amor! Vivemos dependendo de nossos irmãos! Que possamos, juntos, encontrar o caminho da paz, da união, da harmonia, da caridade, do perdão, da libertação, da compreensão, do otimismo, da bondade, da doçura. Para tanto, não precisamos viver dando coices a quem quer que seja, mas buscando viver no AMOR. Sempre! Incondicionalmente! Já dizia Chico Xavier, a personificação do amor: AME SEMPRE. E, SE ESTIVERES A PONTO DE DESCRER DO PODER DO AMOR, LEMBRA-TE DO CRISTO".

9 de jun. de 2011

CONSCIÊNCIA E AS CAPACIDADES INDIVIDUAIS


A terra é um planeta de provas e de expiações[1], no qual a felicidade plena ainda desconhecemos[2]. Um planeta repleto de seres imperfeitos, imprecisos, indecisos, instáveis. Seres que comprazem viver no orgulho e no egoísmo. Seres que sempre se acham melhores do que os outros, mais capazes, mais poderosos, mais afortunados. Seres que buscam intensamente a liberdade material. Seres que se machucam facilmente e que machucam os outros numa proporção muito maior. Seres vaidosos, ciumentos e desconfiados. Seres maldosos que matam, não só a carne, mas também os sonhos das pessoas. Seres que se deixam levar pela aparência; que se revestem de falsidade através de máscaras. Seres que não gastam um minuto do dia para conhecer a si, mas querem conhecer os outros ou, pior, querem que os outros o conheçam. Seres que acham perda de tempo ter uma religião, uma crença, ter Deus no coração; e vergonha de propagar isso. Enfim, seres com muito mais erros do que acertos; com mais defeitos do que qualidades; com mais imperfeições do que perfeições; com muito mais ódio, rancor, raiva, ressentimento, mágoas... do que amor, perdão, solidariedade, caridade, compaixão, piedade.

O que nos difere um dos outros é a consciência[3] que temos desses atos, pensamentos e sentimentos. Consciência de quem somos[4]. Consciência do que Cristo buscou nos ensinar. O que nos faz ser diferente de outros Seres é como compreendemos e enxergamos essas imperfeições, como lidamos com elas e o que fazemos, na prática, para modificá-las na nossa vida. A consciência que temos de certo e errado, de bom e ruim, é a base do que somos, do que cremos, do que acreditamos e do que buscamos.  Também emerge a necessidade de termos consciência do que realmente somos capazes de realizar; do que temos capacidade de conquistar.

É desse prisma que há diferentes visões de mundo. Diferentes formas de amar, pensar, compreender, sentir, agir, enxergar, aceitar, transformar, perceber, ponderar, buscar, lutar, agradecer, pedir, renunciar, sonhar...

E é assim que alguns ainda vivem apegados à vingança. Outros preferem a vida social. Há aqueles que se fixam no comodismo, na preguiça, nas queixas, na inércia. Há também quem espere por milagres, sem nem ao menos tentar fazer a sua parte. Há, inclusive, os que vivem sem esperança e fé. E há os que são um pouco diferentes disso e, ainda, outros que são completamente diferentes disso. Estamos falando de diferentes graus de evolução! Estamos falando de diferentes ordens de espíritos[5]! Estamos falando de diferentes consciências!

Com esta visão que compreendemos que somos diferentes uns dos outros! Que somos únicos, inclusive em nossas imperfeições! Deus, em sua infinita perfeição e bondade, não seria injusto criando seus filhos inferiores e superiores, bons e ruins, anjos e demônios. Todos, sem exceção, tivemos o mesmo ponto de partida, no qual Deus nos criou simples, ignorantes e livres para seguir nosso caminho; sempre nos apoiando, sempre nos consolando, sempre nos guiando, através de suas leis perfeitas. Somos nós quem escolhemos, através do nosso livre arbítrio[6], o que queremos para as nossas vidas! Somos nós que escolhemos quem queremos ser. Temos sempre inúmeros caminhos a escolher! E o despertar da nossa consciência é que vai nos colocar num nível diferente do nosso irmão.

Passemos a compreender mais estas elucidações e seremos capazes de compreender mais a nós mesmos, as nossas atitudes, as nossas escolhas e, conseqüentemente, o mundo em que habitamos e aos nossos irmãos que aqui convivemos. E dessa forma compreendemos que não podemos exigir que o outro veja o mundo da nossa maneira; nem podemos querer que ele pense, aja e sinta exatamente como nós.

O importante disso tudo é compreender que, apesar de sermos diferentes e estarmos em níveis diferentes de consciência, somos todos filhos do mesmo Pai e que, se eu estou um pouco acima do meu irmão, que eu seja solidário e o puxe para junto de mim através da caridade posta em ação, e que, se eu estou abaixo de um irmão, que eu tenha a humildade suficiente para pedir que este segure minha mão com muita força e me puxe para cima.

Agora, paremos por alguns segundos e reflitamos: O que estamos fazendo com as nossas vidas? O que realmente nos faz feliz? Temos feito às pessoas aquilo que gostaríamos que elas fizessem por nós? Temos amado ao nosso próximo como a nós mesmos? Doamos-nos o tanto quanto podíamos aos outros irmãos? O que temos aprendido com a vida e as experiências, especialmente as dolorosas, que nos acontecem? Quanto nos conhecemos? Como anda a minha consciência da minha própria vida?

E se em alguma dessas questões nós nos questionamos, hesitamos, ponderamos, titubeamos... então já demos o primeiro passo! Então, já despertamos a nossa consciência para o nosso eu interior e para o mundo! Aceitamos que realmente nos falta algo, que precisamos modificar-nos e que precisamos evoluir, por nós e pelo planeta! Agora vamos à luta para melhorar isso. A evolução é o destino de todos. Tornarmos seres perfeitos é a nossa meta final. Não esperemos mais, não hesitemos mais! Simplesmente façamos mais em prol de nós mesmos e da vida! Façamos mais pela paz! Indiscutivelmente, fomos criados para o amor e cedo ou tarde iremos despertar nossas consciências para isso... Se não for hoje, será amanhã ou depois ou depois, pois quem faz essa escolha somos nós!


Viviane Vasques
28/05/2011




[1] O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo III: Há muitas moradas na casa de meu pai.
[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo V: Bem-aventurados os aflitos, Item “A felicidade não é deste mundo”.
[3] Livro dos Espíritos – Livro III - Capítulo X: Lei de Liberdade: Liberdade de Consciência (Questões 835 a 842).
[4] Livro dos Espíritos – Livro III - Capítulo XII: Conhecimento de si mesmo (Questão 919).
[5] Livro dos Espíritos – Livro II – Capítulo I: Dos Espíritos (Questões 96 a 127).
[6] Livro dos Espíritos - Livro III – Capítulo X: Lei de liberdade: Livre Arbítrio (Questões 843 a 850).