4 de dez. de 2010

CULTURA DO MASSACRE OU MASSACRE DA CULTURA?

Essa semana fui ler alguns e-mails que estavam há tempos na minha caixa de mensagem e eu observei um com o título "Vergonha Mundial - Quando encaminhar assine embaixo!". Num primeiro momento pensei que fosse aquelas correntes sem fim que alguns desocupados teimam em propagar. Mas, pensando melhor, resolvi vê-lo... Qual foi minha surpresa que não era uma corrente qualquer, mas uma corrente de amor à vida. Vamos ao e-mail...

"Dinamarca, uma vergonha! O mar se tinge de vermelho, entretanto não é devido aos efeitos climáticos da natureza, mas a crueldade com que os seres humanos (seres civilizados) matam centenas dos famosos e inteligentíssimos Golfinhos Calderon. Isso acontece ano após ano na Ilha Feroe na Dinamarca. Deste massacre, participam principalmente jovens. Por quê? Para demonstrar que estes mesmos jovens já chegaram a uma idade adulta, estão maduros (?). Em tal celebração, nada falta para a diversão: TODOS PARTICIPAM DE UMA MANEIRA OU DE OUTRA, matando ou vendo a crueldade, 'apoiando-a como espectador'. Cabe mencionar que o Golfinho Calderon, como quase todas as outras espécies de golfinhos, se aproxima do homem unicamente para interagir e brincar em gesto de pura amizade. Eles não morrem instantaneamente, sendo que são cortados uma ou duas vezes com ganchos grossos. Nesse momento, os golfinhos produzem um som estridente bem parecido ao choro de um recém-nascido. Mas, sofre e não há compaixão até que este dócil ser se sangre lentamente e sofra com feridas enormes, até perder a consciência e morrer no seu próprio sangue. Finalmente, estes 'heróis da ilha', agora se julgam adultos racionais e com direitos. E, como podemos ver, já demonstraram sua 'maturidade'.”

Observamos que tal acontecimento faz parte da cultura deste povo, sendo que a definição de cultura, de acordo com o Aurélio, é o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc, transmitidos coletivamente e típicos de uma sociedade e também o conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo.

Partindo destas definições, vamos analisar um pouco... Se cultura são padrões de comportamento, digamos que para este povo matar um animal é padrão de comportamento. Abre aspas: tais matanças não acontecem somente neste país, mas, em todos, diferenciando somente os "alvos" (não vemos jovens brasileiros enforcando pobres gatinhos depois de baladas?), Fecha aspas. Se é tão fácil assim matar um animal sem se importar com a sua dor, seu sofrimento, seu choro, seu grito pela vida, porque não seria fácil também matar outro ser humano? Qual seria o problema em matar sua própria espécie, a troco de nada, assim como fazem com estes seres indefesos? Afinal, o padrão de comportamento adquirido pela sociedade é a lei da matança.

Num segundo momento analisamos a questão das crenças, enfocando-nos especificamente nas crenças religiosas. Até onde sei, seja a religião que for, a lei máxima é "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." Por favor, se eu estiver errada me corrijam sobre esta citação. Pois bem... numa situação como essa, há a ausência completa de amor. Não há amor em Deus, não há amor ao próximo e, conseqüentemente, não há amor por si mesmo, pois quem ama a Deus respeita a sua criação, respeita todos os reinos, independentemente de cor, raça, espécie, tamanho, credo. Deus não criou seus filhos para matarem e serem mortos; Deus criou seus filhos para o AMOR!

No terceiro momento nos focamos nos comportamentos típicos de uma sociedade e no conjunto dos conhecimentos adquiridos. É... agora matar é comportamento típico, ou seja, um comportamento considerado normal e, se é um conjunto de conhecimentos adquiridos, provavelmente alguém ensinou ou propagou tal comportamento. Pensou se vira moda sair matando os animais? As crianças, na pré-escola, já estão sendo educadas com isso. Observe a letra da música: atirei o pau no gato, mas o gato, não morreu... e a dona Chica admirou-se com o berro do gato!Óbvio né Dona Chica, ele sente dor exatamente assim como a senhora! Pois é minha inocente criança, como ele não morreu tente bater novamente até que ele morra, afinal a sociedade em que você está crescendo esta te ensinando isso, então como poderão exigir um comportamento cristão seu, não é mesmo? Padrão de cultura...

Agora nos questionemos: a população, diante de tal festa, está incentivando a cultura do massacre ou estão massacrando a cultura desse povo? Será que, em nenhum momento, estes seres ditos "racionais que buscam sua maturidade” pararam para refletir que os animais, exatamente assim como eles, têm alma, têm sentimentos, sentem dor, choram, sofrem...? Será que, em nenhum momento, nenhuma instituição (igreja e escola, principalmente) os ensinou a Lei do Amor pregada por Cristo e os ensinou que a caridade é a melhor forma de demonstrar maturidade e senso moral? Será que, mesmo se tivessem todos os conhecimentos em mãos, tais homens praticariam tamanha atrocidade somente por este ser o modelo a ser seguido pela sociedade? O QUE ESTAMOS FAZENDO COM AS NOSSAS CRIANÇAS E OS NOSSOS JOVENS? Que tipo de homens estamos formando? Que tipo de seres humanos eles vão se tornar? São tantas as questões que nos rondam...

A que ponto nossa humanidade está chegando. Depois quando temos catástrofes, exclamamos, "oh Deus o que fizemos a ti para receber tamanho castigo?". O que será hein... Acho que não precisamos pensar muito. Vale ressaltar que isso não é castigo Divino, isso é lei de ação e reação humana mesmo! Não coloquemos a culpa em Deus pelas nossas atitudes impensadas, maldosas e omissas. Se plantarmos paz, colheremos paz. Se derramarmos sangue, colheremos sangue.

Crueldade e maldade desse tipo vamos encontrar em todo mundo. Mas o que nós, que temos um pouco mais de senso moral e consciência, estamos fazendo para modificar este quadro? Omissão também implica participação em situações desse nível. Vermos, e nos calarmos, é o mesmo que aplaudir este comportamento típico tão fantástico aos olhos de alguns humanos e tão tristes aos olhos do nosso Pai.

Não estamos aqui para julgar, condenar e jogar estas pessoas na fogueira, pois também somos falhos. Estamos aqui para chamar a atenção de todos: vamos acordar meus amigos e fazer nossa parte. Vamos defender os animais, pois eles, especificamente estes golfinhos, não tiveram a oportunidade de dizer ao mundo que eles só queriam viver, que eles só queriam poder nadar livremente pelo mar, que eles só queriam brincar e ter um pouco de carinho, que eles só queriam o que TODOS queremos: amor, carinho e um pouquinho de atenção. Eles, assim como muitos de nós, acreditamos que aqueles homens eram pessoas boas e que estavam ali para ajudar. Até onde o homem consegue enganar a si mesmo...?!

Terminamos com algumas questões para reflexão: 1. O que estamos fazendo com a nossa cultura e o que ela tem feito em nossas vidas? 2. O que estamos ensinando as nossas crianças e aos nossos jovens? Afinal, eles são o futuro da nação. 3. Quem são os verdadeiros seres irracionais nessa história?


SIM à vida...

...e NÃO à morte!

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