Nos últimos tempos tenho
pensado e vivido demasiadamente o assunto MORTE. São acontecimentos e mais
acontecimentos, às vezes perto e às vezes longe, que resultam em morte: mudanças
climáticas, acidentes diversos, problemas de saúde, drogas, suicídios e até
"do nada"... sabe aquele "estava tudo bem e de repente
morreu"? Pois é! E não tem idade, gênero, classe social ou raça. E isso é
mais do que natural e nós precisamos nos adaptar a isso, afinal a única certeza
de que temos é a de que um dia, mais cedo ou mais tarde, e seja lá de que forma
for, nós vamos morrer! E todos vão morrer, sem exceções! É inevitável...
Para mim a morte é uma
passagem; é uma volta para a nossa verdadeira morada, que é a espiritual. Eu
acredito que estamos no plano material por um breve espaço de tempo, se
acreditarmos que nossos espíritos são eternos. Eu acredito, também, que estamos
aqui neste planeta - que, diga-se de passagem, esta se modificando e se
renovando - não para satisfazer nossos desejos materiais, mas para resgatar
débitos passados e através das experiências carnais evoluir, principalmente
moralmente. Eu acredito que tudo isso aqui que vivemos hoje vão ser memórias e
momentos guardados no nosso arquivo pessoal. Eu acredito, inclusive, que esse corpo
material é meu temporariamente, que ele foi elaborado exclusivamente para
vivenciar as provas de que terei que passar por um período de tempo e que meu
verdadeiro e real corpo é o meu espírito.
Partindo disso que eu digo que
vida é morte e morte é vida! Vida é morte porque se acreditamos que há algo
além da matéria, inevitavelmente saberemos que um dia voltaremos para a nossa realidade
e tudo que aqui temos irá ficar. Vida é morte porque essa é a única certeza que
temos clara em nossas vidas: esse corpo vai, um dia, acabar. Morte é vida
porque voltamos de onde viemos, porque nos encontraremos com aqueles que temos
laços de afinidade e amor. Morte é vida porque liberta o espirito das amarras
materiais, que tanto o sufoca, mas que é necessário para evoluir. E assim,
seguimos nossa jornada vivendo e morrendo, um entrelaçado no outro, um seguido
do outro... levando conosco somente o nosso ser e não mais o nosso ter. E ainda
nos assustamos com o tema MORTE!
Eu, particularmente, não tenho
medo de morrer! Nenhum! Não gostaria de morrer queimada ou afogada, mas eu aguento
se estiver na minha programação. Não tenho medo de ter uma doença grave e
morrer assim. Não tenho medo de acidentes e nem desastres naturais. Não tenho
medo das pessoas que vou deixar e menos ainda dos meus bens materiais. Assim,
temos medos diferentes e talvez os meus sejam bobagem para alguns de vocês. É
que eu acredito, somado ao que eu escrevi acima, que não importa a forma que eu
morrer e nem o momento que isso acontecer, mas importa o que eu estou levando no meu espírito quando isso
acontecer, afinal é ele minha essência e é nele que está tudo gravado de bom e
ruim. A separação do corpo e do espirito, a para onde o meu espirito vai depois
que isso acontecer, vai depender único e exclusivamente da vida terrena que eu
tive (vida é morte... e morte é vida).
Meus medos são outros quando
falo de morte... quando penso morte... quando vivencio morte... quando estudo
morte. Meu medo é a consciência - triplicada - do que eu fiz com a minha vida
terrena e com todas as oportunidades de evolução no momento que eu morrer. Isso
realmente me dá muito medo! Enquanto estamos na carne temos uma visão de mundo,
mas quando chegamos do outro lado temos a real consciência do que fizemos e,
pior, do tanto que deixamos de fazer. E aí bate a culpa e o arrependimento,
monstros esses que por mais que sejamos fortes são capazes de nos dilacerar.
Assim, eu tenho medo de ter
julgado demais meu semelhante, de levantar falsas verdades sobre eles, ao invés
de buscar compreende-lo e ajudá-lo a trilhar os seus caminhos. Tenho medo de
ter gasto tempo com as pessoas erradas, com momentos errados, com causas
erradas. Tenho medo de perder as oportunidades de ser feliz e fazer alguém
feliz por orgulho e egoísmo. Tenho medo de não ter cuidado do meu corpo da
forma como eu devo cuidar. Tenho medo dos ditos inimigos que eu criei por não
saber ser humilde e tolerante com meu próximo. Tenho medo de não ter dito eu te
amo, quando eu sentia isso, ter não dito eu te quero, quando eu sentia isso, de
não ter dito eu te perdoo e não ter dito tantas outras coisas que vão no meu
coração por medo de ser rejeitada ou considerada ridícula. Tenho medo de não
ter vivido um amor, uma amizade, uma relação profissional por simples medo do
futuro e da falta de confiança em mim e em Deus. Tenho medo de não poder mais
abraçar fisicamente aqueles que eu gosto. Tenho medo de não ter aproveitado
cada oportunidade de praticar a caridade moral e espiritual. Medo de me
arrepender por coisas que fiz – muitas sem consciência de que estava errando -
e pelas que eu não fiz, e sentir uma enorme culpa por não ter percebido o que,
e quem, era realmente importante. Parece bobagem, mas para mim é algo muito
sério... porque eu sei das minhas limitações, sei das minhas imperfeições e sei que algumas coisas eu ainda não consigo modificar em mim.
Se eu acredito na lei da
reencarnação e na pluralidade das existências, consequentemente acredito que
retornarei ao plano terreno. E se eu acredito nisso, sei que novas chances
serão dadas, novas oportunidades de consertar todos os erros serão
proporcionadas, a convivência com as pessoas que ferimos acontecerá novamente e
tudo que eu possa ter me arrependido e sentido culpa, eu terei a chance de
consertar. Mas, para que deixar para amanhã o que podemos fazer hoje? Para que
acumular mais dividas se temos inteligência e bom senso para somente quitá-las?
Talvez demore milênios para conseguirmos olhar novamente para os olhos de outro
alguém e dizer eu te amo, eu te respeito, você é importante para mim! Talvez demoremos
milênios para ter a chance de demonstrar tudo isso.
Termino este desabafo – porque
isto é mais pessoal do que um texto comum - com uma citação de José Raul Teixeira, do
livro Educação e Vivências: "[...] a vida atual de cada indivíduo tem o
poder de atenuar ou de agravar as condições gerais ou específicas da desencarnação,
serão de bom alvitre os cuidados que se deve ter para com a presente existência
somática, procurando cada um respeitar a vida, respeitando-se, na certeza de
que a morte é a chave que abre as portas da Vida, devendo os encarnados
realizar, enquanto na Terra, tudo o que lhes seja possível para que desapareçam
os laços de excessiva amargura ou de rebeldia ante os Supremos Desígnios
advindos do grande Autor do Universo!".
E lhe pergunto: e sua bagagem de volta para casa, como está?
VIVIANE VASQUES
03/05/2012
Eu estou preparada também e tento me aperfeiçoar até o dia de minha morte.
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